Sistema de Gestão da Qualidade

MODELO DE QUALIDADE DE VIDA DA O.A.S.I.S.

A instituição encontra-se certificada, desde 2013, pelo Sistema de Gestão da Qualidade no âmbito da norma EQUASS Assurance para as respostas sociais Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) e Lar Residencial (LRE).
Este processo tem como base de registo e sistematização da informação a ferramenta informática “Quality Alive”.
É um sistema que se encontra em atualização constante de processos e procedimentos no sentido da melhoria contínua da qualidade dos nossos serviços, tendo sempre em consideração a satisfação e qualidade de vida dos clientes.

Modelo de qualidade de vida – OASIS

A OASIS define, implementa e controla o seu compromisso relativamente ao seu desempenho no domínio da qualidade de vida dos seus clientes. Para tal, define o conceito de Qualidade de Vida (QV) e evidencia a sua aplicação através da relação das suas diferentes dimensões e as atividades, práticas e atitudes que o operacionalizam.

Apesar da diversidade de modelos conceptuais propostos para delimitar o conceito de qualidade de vida, existem alguns aspetos consensuais:

1.       É uma medida que varia ao longo do tempo;
2.       É uma medida subjetiva, que parte da perceção dos indivíduos sobre as diferentes dimensões               constituintes da sua vida;
3.       A QV deve ser avaliada a diferentes níveis, bem-estar global e em domínios específicos no                 quadro da interação do indivíduo com os seus contextos de vida.


A OASIS define a QV da seguinte forma:


“Qualidade de Vida é a perceção do indivíduo acerca da sua posição na vida, de acordo com o contexto cultural e os sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expetativas, padrões e preocupações” WHOQOL group

A Qualidade de Vida é, assim, um conceito amplo e complexo que inter-relaciona o meio ambiente com aspetos físicos, psicológicos, nível de independência, relações sociais e crenças pessoais. Schalock (Schalock, 2000, citado por CRPG, 2004 (1)) propôs que a qualidade de vida fosse definida como um conceito que reflete as condições de vida percecionadas como desejáveis pelo indivíduo em oito domínios fundamentais:

·         Bem-estar emocional;
·         Relacionamento interpessoal;
·         Bem-estar material;
·         Desenvolvimento pessoal;
·         Bem-estar físico;
·         Autodeterminação;
·         Inclusão social;
·         Direitos.

Com o intuito de favorecer a inteligibilidade e a aplicação do conceito, estas dimensões foram reestruturadas nos três domínios que a seguir se explanam (CRPG, 2004, adaptado).

·         Desenvolvimento pessoal
Reporta ao conjunto de relações que configuram as estruturas de competência, articulando-se com os padrões de ação humana. Este processo caracteriza-se por um mecanismo através do qual os indivíduos ganham competência, controlo e influência sobre um conjunto de assuntos significativos, no âmbito das múltiplas relações com os contextos em que se inscrevem. Deste modo, a dimensão comporta a perceção de competência pessoal numa dada situação interacional, seja no contexto das relações interpessoais, seja no exercício da autodeterminação.
Nesta perspetiva, pode-se analisar as perceções pessoais sobre a densidade e qualidade da rede de suporte social, desenvolvimento de competências de comunicação, autonomia, autoeficácia, liderança e advocacy.

·         Bem-estar
Respeita às condições de vida percecionadas como desejáveis pelo indivíduo em três domínios fundamentais: bem-estar emocional, bem-estar físico e bem-estar material. Nesta dimensão releva-se a forma como as pessoas pensam sobre si próprias, incluindo domínios específicos de perceção de aceitação da deficiência, satisfação da interação com os contextos de vida e perceção individual sobre a relação entre a aspiração e a realização num conjunto de domínios, tais como: mobilidade, lazer, atividades de vida diária, bens, rendimentos, entre outros.

·        Inclusão social
Refere-se às oportunidades para controlar as interações com os contextos circundantes e influenciar as decisões com impacto nos projetos de vida. Esta dimensão incorpora um conjunto de mecanismos, através dos quais os indivíduos aprendem a identificar relações próximas entre os seus objetivos e as formas para os atingir, ganhando um acesso e controlo mais amplos sobre os recursos. Nesta perspetiva, interessa promover os impactos nos domínios da empregabilidade/ocupacional, cidadania e direitos.


Os três domínios apresentados anteriormente, contribuem diretamente na capacidade de empowerment dos clientes.
O empowerment é considerado pela Instituição como o objetivo mais relevante a alcançar, de modo a possibilitar aos clientes todos os meios necessários para manifestarem as suas necessidades, expectativas, interesses e acima de tudo possam cumprir com os seus deveres e reivindicar, se necessário, os seus direitos.
A OASIS, recolhe e trata sistematicamente dados (inquéritos e escalas) referentes à QV dos seus clientes e faz refletir os resultados obtidos na construção de Planos Individuais que se operacionalizam nas suas Respostas Sociais, CAO e LRE.
A OASIS, em função das atividades que proporciona e recursos humanos disponíveis em cada Resposta Social, promove a QV dos seus clientes em todos os domínios atrás referidos.


 Dimensões da qualidade de vida e exemplos de apoio individualizado


Desenvolvimento pessoal
Treino de competências funcionais.
Autodeterminação
Eleições, participação em decisões, metas pessoais.
Relações interpessoais
Fomento de amizades, proteção da intimidade, apoio prestado às famílias e relações/interações comunitárias.
Inclusão social
Papéis comunitários, atividades comunitárias, apoios sociais.
Direitos
Privacidade, responsabilidade civil, respeito e dignidade.
Bem-estar Emocional
Ambiente estável, segurança, reforço positivo, mecanismos de autoidentificação (espelhos, etiquetas com nome).
Bem-estar Físico
Atenção médica, mobilidade, exercício, nutrição.
Bem-estar Material
Bens materiais, emprego/ASU (remunerado).


Nota: Considerando que o Modelo da Qualidade de Vida se constitui como um referencial de análise para os vários momentos de monitorização e avaliação, alguns dos indicadores podem ser mais ajustados para uma fase mais inicial do projeto de desenvolvimento individual e outros para fases mais posteriores. Devem ainda ser observadas as especificidades dos clientes.




Domínio Desenvolvimento Pessoal

 
Relações Interpessoais

 Perceção da densidade e qualidade da rede de suporte social;
 Perceção da densidade e qualidade das interações emocionalmente significativas;
 Perceção de desenvolvimento pessoal no desempenho de papéis relativamente a problemas emocionais/ de saúde;

 Sociabilidade

  Perceção de desenvolvimento no domínio das competências sociais e de comunicação;
  Perceção da realização pessoal;
  Perceção da autonomia;

  Responsabilidade 

  Perceção sobre a relação entre os compromissos estabelecidos e os investimentos realizados;
  Nível de responsividade da interação com a estrutura familiar/significativos;
  Perceção de progressão/desenvolvimento – relação entre oportunidades/investimentos de educação/aprendizagem ao longo da vida;
   Perceção de competências de adaptação ao trabalho – relação entre o nível de mudança/esforço investido;
   Perceção da tolerância à frustração;
   Perceção de auto-eficácia.

  Autodeterminação


   Liderança
   Perceção sobre as oportunidades/investimento no exercício de papéis na comunidade;
   Perceção sobre oportunidades/investimento/resultado no exercício da tomada de decisões;
   Perceção de controlo pessoal;
   Perceção de desenvolvimento dos objetivos/valores pessoais;
 
   Advocacy
   Perceção do conhecimento e defesa dos direitos individuais e de grupo;
 
    Empowerment psicológico
    Perceção sobre o controlo dos agentes sociais e sobre a capacidade para influenciar os cursos de         ação desses mesmos agentes.

·  Bem-estar Emocional
 
   Perceção individual de segurança;
   Perceção individual de estabilidade;
   Perceção individual de stresse;
   Conceito de si próprio;
   Perceção individual de progressão do nível de aceitação da deficiência e incapacidade;
   Perceção individual de satisfação da interação com os contextos de vida;
   Perceção individual de solidão.
    Físico
   Perceção individual de saúde;
   Perceção individual sobre a relação entre a aspiração e a realização nos seguintes domínios:
a)       Alimentação;
b)       Lazer;
c)       Mobilidade;
d)       Atividades da vida diária;
e)       Competência para cuidar de si próprio;
f)        Competência de manutenção e de segurança no lar;
g)       Atividade física.
§  Perceção de progressão em relação aos sintomas de doença crónica/aguda.
o   Material
§  Perceção individual sobre a relação entre a aspiração e a realização nos seguintes domínios de:
a)       Bens;
b)       Rendimentos.

·         Inclusão Social
o   Empregabilidade/ocupacional
§  Perceção pessoal sobre o conhecimento dos recursos de apoio no domínio ocupacional/ de empregabilidade;
§  Perceção pessoal sobre o nível de mobilização/resultado dos serviços de apoio no domínio ocupacional/ de empregabilidade;
§  Carreira – nº de experiências de atividades ocupacionais (no mesmo contexto e em contextos diferentes) e grau de satisfação associado;
§  Mobilidade – nº de atividades ocupacionais desempenhadas e grau de satisfação associado; possibilidade de encaminhamento para estruturas de formação/emprego;
§  Perceção pessoal sobre o sentido de progressão das competências mobilizadas na realização de atividades ocupacionais;
§  Perceção de investimento no desempenho de atividades de carácter ocupacional.
o   Cidadania
§  Associativismo – oportunidades/investimento no exercício de papéis em associações comunitárias;
§  Perceção das oportunidades de participação/investimento na rede de apoio, no domínio das atividades de:
a)       Voluntariado;
b)       Políticas.
   Perceção de desenvolvimento do domínio/interesse de assuntos da atualidade;
   Auto-eficácia coletiva/individual – perceção da relação entre investimento/ resultado na participação comunitária;
   Perceção pessoal de tolerância social.
    Direitos
   Perceção pessoal de oportunidades/investimento no exercício de papéis de domínio político;
   Perceção de progressão em relação ao conhecimento/mobilização dos recursos comunitários;
   Perceção pessoal na adesão às normas cívicas;
   Perceção de progressão em relação ao conhecimento/mobilização de oportunidades no domínio da educação e da esfera cívica.



NOTA: Os indicadores apresentados remetem para a perceção do indivíduo, dado que a Qualidade de Vida é um conceito dotado de uma componente subjetiva. Não obstante, devem ser consideradas as perceções dos significativos, bem como analisadas informações factuais relativas aos indicadores apresentados.
Considerando que o Modelo da Qualidade de Vida se constitui como um referencial de análise para os vários momentos de monitorização e avaliação, alguns dos indicadores podem ser mais ajustados para uma fase mais inicial do projeto de desenvolvimento individual e outros para fases mais posteriores. Devem ainda ser observadas as especificidades dos clientes.